quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aniversário

Sabouga hoje,
está em festa!
Mais um ano
Deus lhe deu!
A uma linda senhora
Que há sessenta e um anos nasceu,
À sua querida mãe
Muito trabalhinho deu,
Até ao raiar do dia
Vendo a primeira luz,
No dia oito de Dezembro
A todos deu grande alegria.

Feliz aniversário,
na companhia de todos
os que te são queridos,
são os nossos votos!

Deus te dê muitos
anos de vida!

domingo, 28 de novembro de 2010

Natal da minha infância na aldeia

Saudade: doce poema que ninguém entendeu! Vontade de ter de novo aquilo que se perdeu.

Natal - Consoada - A missa do galo


Não há noite tão notável em todo o ano como a noite de Natal, em que as famílias se visitam e oferecem filhós e outras guloseimas. Nessa noite há ainda o costume da Consoada, que consiste numa ceia abundante em cada casa, numas melhor que outras do resto do ano.
Desse modo, jantavam ao meio dia e ceavam um pouco depois do pôr do sol, geralmente na cozinha, ao calor da fogueira, que aquecia toda a família, ao mesmo tempo em que nalgumas casas iam secando as varas de chouriças. Algumas panelas de ferro ferviam o bacalhau, hortaliça e batatas, e o caldo verde ao mesmo tempo. Já na trempe se via a sertã, onde se viam lindas filhós e rabanadas a serem feitas e numa panela maior também de ferro, nadava já o bucho ou o capão (galo), que havia de ser comido por parentes ou amigos no dia seguinte, dia de Natal.
A dona da casa sempre atenta ao lume, para que este não se apagasse, a pôr brasas com a tenaz ou pá, para a braseira para que toda a casa se mantivesse quente. Sendo ajudadas pelas filhas nestas tarefas. Sentados uns em toscos bancos ou tripeças de três pés, outros em cadeiras.
Nas casas mais abastadas todos se sentavam à mesa coberta de alva toalha de linho caseiro. Não tarde que, reunidos comam o bacalhau com hortaliça e batatas, no fim vêm as filhós e rabanadas, há também o arroz doce e a aletria. Em algumas casas também havia o polvo e o tradicional bolo de buraco (pão de ló).
Nas casas mais pobres em geral, bebiam todos pelo mesmo jarro o saborosíssimo vinho que tinham na adega que muitos só abriam o pipo nessa noite e comiam do mesmo prato. Noutras casas faziam a Ceia com mais rigor, a Consoada faz-se em todas as casas, com a diferença de numa ser com mais luxo e abundância que noutras.
Acabada a Consoada o chefe de família dava o sinal para rezar e então todos rezavam por presentes e ausentes, vivos e defuntos, pelos que andavam no mar para que Deus os trouxesse a porto de salvação, etc. No fim das rezas os filhos e netos pediam a benção e beijavam a mão dos pais e avós, seguindo-se as histórias e as mulheres a cantar os versos ao menino Jesus, assim se passava a noite. As crianças antes de se deitarem iam pôr o sapato junto à chaminé para receberem o presente que o menino Jesus lhes ia dar, entrando pela chaminé. Logo de manhã cedo era vê-los todos contentes correndo para irem ver os seus presentes, que eram umas simples calças ou meias ou botas, eles não cabiam de contentes e os adultos contentes ficavam por verem a alegria deles. Quanto aos jovens (rapazes) ao ouvirem o relógio bater as doze badaladas da meia-noite vinham acender a fogueira que durante alguns dias arranjavam lenha para acender a fogueira no adro onde houvesse igreja. Era belo ouvir o repique dos sinos para ir à missa do galo, era curioso o espectáculo em volta do vastíssimo braseiro, a alegria que se via e o murmúrio característico que se notava pelas ruas da aldeia, uns com passos ligeiros e outros com passos abafados pelos tapetes de mato que havia nas ruas, ainda outros com sons graves de tamancos ferrados que atordoavam toda a vizinhança aproximando-se da igreja. Em breve esta ficava repleta de gente, os homens ficavam atrás, as mulheres à frente, chegando o padre ao altar não tardava que todos entoassem o coro ao menino Jesus:

"Bendito e louvado seja
O menino Deus nascido
Mais a virgem que o trouxe
Nove meses escondido."

Neste coro ao Menino Deus nascido, sobressaíam notáveis e deliciosas vozes, que executavam a velha canção consagrada pelos jovens rapazes e raparigas, enquanto o pároco oferece junto do altar, armado um presépio, a pequena imagem de Jesus ao povo que ia beijando e todos a deporem a sua oferta. Terminada a missa, todos saem apressados para novamente irem para perto da fogueira para se aquecerem. As mulheres mais idosas levam brasas para guardarem. Chegando a casa, a dona de casa vai acabar de fazer os restos dos preparativos para o almoço do dia seguinte, não se esquecendo de pôr um bom tronco de oliveira para ir ficando a arder durante o resto da noite, para de manhã estarem carvão para ser guardado junto às brasas que haviam levado da fogueira, do adro da igreja, brasas estas que serviam para fazer rezas durante as trovoadas e contra os maus olhados. Assim se vai passando a noite de Natal, e a missa do Galo e a enorme fogueira.
Assim se vai começar o almoço verdadeiramente português, no fim do almoço rapazes e raparigas e todos os outros vestindo os seus melhores fatos, saem para a rua para confratenizarem. Assim era em tempos não muito longínquos, o Natal.

Hoje, infelizmente, o Natal é uma máquina comercial. Continuam as ceias abastadas, os presentes caros, mas aonde está o significado do verdadeiro Natal? Do nascimento do nosso Senhor, aonde está? Muitas famílias neste dia tão belo, que um menino nos nasceu, para mais tarde morrer, para nos dar a salvação, nem Dele se lembram, nem Nele falam. Tenho saudades desses natais, certa vez um professor disse aos seus alunos: Nos vossos trabalhos de casa, façam uma composição sobre o Natal. Os meninos lá fizeram as composições, todos falaram do natal, dos presentes, das guloseimas e dos passeios que deram, mas sobre Jesus, o motivo verdadeiro do Natal, nada. Não havia qualquer referência, é triste mas é verdade, que as pessoas tenham tanto trabalho e gastem tanto dinheiro a preparar uma festa de aniversário do Salvador do mundo e na maioria dos casos, nem se lembram de contarem aos filhos a história maravilhosa do significado deste dia tão belo para toda a humanidade.


O Natal está a chegar
E o meu coração está triste
Por haver falta de paz
E do amor que Cristo traz,
Há falta de compreensão
Há egoísmo e traição
Há mentira e falsidade
Há calúnia e maldade
E tanta tanta desumanidade
E o nosso Jesus Cristo onde está?
Ele ama sem distinção
Ele é justo e bondoso
Ele quer estar presente
Em sua festa de Natal.
Cristo é o aniversariante
Como ficará distante
Desta festa sem igual?
Para sermos felizes
Vamos convidá-lo para ficar na nossa vida
Para sempre neste dia de Natal
Viver com Ele uma comunhão constante
E verá então radiante
Uma nova luz a brilhar...
A estrela do Natal
E Cristo em cada lugar!



Um Natal muito abençoado, um ano novo com tudo de bom para todos os conterrâneos de Sabouga e todas as famílias da freguesia das Lavegadas (Moura Morta), Vilarinho do Alva, são os votos de boas festas, do blog de Sabouga.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Dados Gerais de Sabouga

História de Sabouga

A aldeia de Sabouga fica situada na encosta da Serra do Bidueiro, a 10 km da sede do concelho Vila Nova de Poiares, e a 2 km da Junta de Freguesia das Lavegadas. Tem por vizinhos Igreja Nova, Mucela, São Pedro Dias, Vilarinho do Alva este pertencente ao concelho de Arganil.

O clima normal, o solo pedragulhoso e montanhoso fizeram do povo de Sabouga "gente dura", isolada de aglomerados populacionais. ~
Não sabemos quais os primeiros povos que aqui habitaram, mas sabemos que é muito antiga segundo as lendas referem-se aos mouros, mais tarde chegam os romanos estes sim, com uma civilização muito própria instalam-se e deixam as suas marcas em pontes e calçadas como se vê na freguesia. Ao certo não sabemos a origem dos povos de Sabouga.
No século XII, ano de 1126, Sabouga aparece em documentos que estabelecem os limites de um domínio estabelecido por D. Teresa mãe de D. Afonso Henriques, a favor do então Alcaide de Coimbra Randolfo Soleimas.
O aparecimento de Sabouga terá resultado de circunstâncias normais ligadas ao povoamento e ao aproveitamento do solo. Umas leiras de terra de preferência em zonas abrigadas e com água, espaços premissores da actividade pastoril e agrícola. Eis algumas condições para a fixação humana, ao fundo da povoação corre a ribeira de Sabouga que desagua no rio Alva, pequeno curso de água ficando quase seco no Verão, irriga algumas propriedades e em tempo as suas águas movimentavam alguns moinhos e um lagar de azeite que era o lagar da ribeira.

Uma breve referência a Santo Inácio de Antioquia que os antigos de Sabouga escolheram para seu padroeiro. Em tempos exactos da vida de santo Inácio, terá sido cerca do ano 50, teria sido elevado a bispo de Antioquia capital da Síria pelos anos 80 90. Ao tempo de uma violenta perseguição contra os Cristãos, Inácio, confessando corajosamente a sua fé, foi condenado a morrer em Roma, oferecido às feras. Conduzido por 10 soldados, saíu de Antioquia a caminho de Itália. No decorrer da caminhada terá escrito algumas cartas onde fala com entusiasmo no seu próximo martírio. A memória litúrgica de santo Inácio de Antioquia celebra-se a 17 de Outubro.



Padroeiro Santo Inácio de Antioquia.

População 42 pessoas.

Fogos 31, alguns devolutos.

Eleitores Desconheço.

Actividades económicas Agricultura e em tempos pastorícia.

Gastronomia Chanfana, chispe, arroz de fessura, broa triga milho, arroz doce, aletria, leite creme, queijo de cabra.

Fauna Coelho, perdiz.

Flora Eucaliptos e pinheiros bravos.

Paisagens de relevo Serra do Bidueiro.

Artesanato Tapeçaria de mantas e tapetes, rendas, em tempos não longínquos faziam-se socos, tamancos e mós para os moinhos.

Colectividade Centro recreativo de Sabouga.

Festas Santo Inácio de Antioquia.


Património Arquitectónico

Capela: fica situada na ponta mais elevada da povoação, na ponta sul, sendo a capela antiga demolida e construída outra no mesmo sítio na década de 80.

Eira dos bailes: fica na nascente do povo, onde se faziam na década de 50 a 80 os bailes ao ar livre.

Chafariz: na rua da fonte, tendo ao lado uma pia de pedra onde o gado bovino bebia.

Lavadouros do povo


Património Natural

Miradouro: Serra do Bidueiro com vista para a Serra da Estrela, Buçaco e Caramulo. Vista espectacular, digna de se ver. Penedo do Bico, Calhau da Escada e pedreira.

Ribeira: passa ao fundo da povoação.

Largos: Lages, Eira e Coradoiro.



Lazer: Parque infantil.

Empresas: Fabrico de Farturas Liliana, Tecelagem, Fabrico de mantas e tapetes.




Perspectivas do futuro que gostaria de ver

Caminho limpo dos currais para a serra, acessos limpos ao Calhau da Escada e Penedo do Bico e pedreiras, ruas de Sabouga sinalizadas com respectivos nomes, um pelourinho às Lages em homenagem aos soldados combatentes da 1ª Guerra Mundial e da Guerra Colonial, se possível descobrir a nascente da ribeira.




É de todo necessário e conveniente que todos nos saibamos envolver em torno do progresso e do desenvolvimento da aldeia, trabalharmos juntos para deixarmos de ser o calcanhar de trás da serra do concelho como muitas vezes nos chamavam, num futuro próximo deixarmos de ser calcanhar e passar a sermos biqueira. Tem-se plena consciência que muito tem que se fazer, mas se tivermos um pouco de aspirações ambiciosas e bairristas, porque sabemos o que cremos e com força de vontade consegui-lo.

Apelo aos mais jovens para que tenham a iniciativa, temos de ser um povo lutador e unido. Infelizmente a desertificação da aldeia deixa-nos pobres em recursos humanos. Se todos ajudarem dentro das suas possibilidades para aderirmos ao embelezar Sabouga, algo se há-de concretizar.

Airama e sua família dá à família enlutada de António Rodrigues, cidadão da nossa aldeia, os mais sentidos pesâmes pela morte deste cidadão.
A todos muito obrigada!